sexta-feira, 15 de março de 2019

Mensagem para reunião de pais: A casa do autista

Encontrei este texto no grupo "Autismo - corações azuis" e achei que seria um bom texto para se refletir sobre as diversidades e a inclusão na escola e na família. Acredito que seria interessante para uma reunião de pais. Aracy Coelho traça um quadro interessante sobre a complexidade vivida por pais que possuem crianças dentro do espectro do autismo, situação comum nos dias atuais.

A CASA DO AUTISTA .
(Texto: Aracy Castelo Branco Coelho).
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A casa de uma família onde há uma pessoa com autismo é uma casa diferente. Você pode até pensar :”ah, mas todas as casas são diferentes". Sim, são. Mas não como a do autista. Lá, tudo é estruturado e amarrado a uma rotina que é um sacrifício para os pais/cuidadores.

A hora da alimentação, do banho, as rotinas particulares são às vezes expostas em murais visuais. Às vezes, com todo o esforço da família, todo o castelo desmorona, e os pais saem juntando os grãos de areia para fazer tudo de novo. Gritos, prolongamentos de sons, estereotipias vocais (repetição de som sem sentido), também aparecem por lá. A hora de alimentação, sono, utilização dos cômodos da casa podem ser peculiares, foi o modo que eles acharam para minimizar os impactos do autismo.
Aquela família tenta dar o melhor de si, em algumas situações sabe contornar o que está acontecendo, em outras, não tem a menor ideia do que fazer. Ter pessoas perguntando “o que ele tem?” o tempo inteiro, mais machuca que ajuda. Não invada o espaço de uma família que convive com o autismo. O cotidiano dela já é pesado, complexo. Visite, mas tenha bom senso. Hospedagens, têm que ser bem combinadas e acertadas para que não haja uma descompensação que traga tanto transtorno a este grupo familiar.
Tenha intimidade mas também seja sensível. Eles deixam de fazer muita coisa que vocês fazem com facilidade, às vezes um lazer tão simples para vocês é uma verdadeira operação de guerra para esta família. Compreenda, respeite, pergunte como deve proceder e entenda que algo simples pode ser difícil para o outro. Respeite o espaço e o desgaste de uma família que cuida de um autista, é uma rotina que você desconhece. De verdade!
(Texto dedicado a todas as famílias guerreiras que se equilibram na corda bamba da convivência com o Autismo e a todas as pessoas que não têm a menor ideia do que isto seja).
Aracy Castelo Branco Coelho

segunda-feira, 11 de março de 2019

Mensagens para início do ano letivo- receber os professores

Andando pela internet achei essa mensagem de Madalena Freire e gostaria de compartilhar com vocês


Estar vivo é estar em conflito permanente,
produzindo dúvidas, certezas questionáveis.
Estar vivo é assumir a Educação do sonho do cotidiano.
Para permanecer vivo, educando a paixão,
desejos de vida e morte, é preciso educar o medo e a coragem.

Medo e coragem em ousar.
Medo e coragem em romper com o velho.
Medo e coragem em assumir a solidão de ser diferente.
Medo e coragem em construir o novo.
Medo e coragem em assumir a educação deste drama, cujos personagens
são nossos desejos de vida e morte.

Educar a paixão (de vida e morte) é lidar com esses dois ingredientes, cotidianamente,
através da nossa capacidade, força vital (que todo ser humano possui, uns mais,
outros menos, em outros anestesiada) e desejar, sonhar, imaginar, criar.

Somos sujeitos porque desejamos, sonhamos, imaginamos e criamos, na busca permanente
da alegria, da esperança, do fortalecimento da liberdade, de uma sociedade mais justa,
da felicidade a que todos temos direito.
Este é o drama de permanecermos vivos... fazendo Educação.

Madalena Freire

sexta-feira, 8 de março de 2019

A importância de brincar



Um texto excelente para refletir com os pais a importância das brincadeiras. A criança para um bom desenvolvimento precisa brincar de formas bem diversificadas, pois é através do brincar que ela constrói experiências que  vão refletir na fase adulta.

APENAS BRINCANDO


 Quando estou construindo com blocos no quarto de brinquedos, por favor não diga que estou apenas brincando. Porque quando brinco, estou aprendendo sobre equilíbrio e formas. 

Quando estou me fantasiando, arrumando a mesa e cuidando das bonecas, por favor, não me deixe ouvir você dizer: “Ele está apenas brincando.”, porque enquanto eu brinco eu aprendo, eu posso ser mãe ou pai um dia.

Quanto estou pintando até os cavaletes, ou de pé diante do cavalete, ou modelando argila, por favor: não diga que estou apenas brincando, porque enquanto eu brinco, eu aprendo, estou expressando e criando, eu posso ser artista ou inventor algum dia.

Quando estou entretido com quebra-cabeça ou com algum brinquedo na escola, por favor, não diga que é tempo perdido com brincadeiras, porque enquanto eu brinco, eu aprendo a seguir instruções e perceber as diferenças, eu posso ser chefe algum dia.

Quando você me vê aprendendo pular, saltar, correr e movimentar o meu corpo, por favor, não diga que estou apenas brincando, estou aprendendo como o meu corpo funciona. Eu posso ser um médico, um enfermeiro ou atleta algum dia.

Quando você me pergunta o que fiz na escola hoje e eu digo: “brinquei” , por favor, não entenda mal,porque, enquanto eu brinco, estou aprendendo a ter prazer, a ser bem sucedido no trabalho, estou me preparando para o amanhã.

Porque hoje eu sou criança e meu trabalho é brincar.

(Autor desconhecido)

Para ilustrar o texto acima vi na internet uma figura interessante. Não dei os devidos créditos porque não consta o autor. Mas se alguém souber basta avisar que seráo dados os devidos créditos


Gravura retirada da internet
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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Lidando com o medo da criança

Quem trabalha ou cuida de crianças novinhas sabem como é delicada a questão do medo. Eu mesma fui muito medrosa na infância e até na juventude esses medos persistiram. Só na fase adulta consegui transformar esses sentimentos. É muito difícil para a criança elaborar tais sentimentos negativos. Encontrei na internet algumas possibilidades para trabalhar o medo infantil. Vou reproduzir aqui uma ilustração da psicóloga  Gisele Gadotti que considerei muito interessante. Gostaria de ter o endereço do site para dar os créditos das gravura.
Imagem produzida por Gisele Gadotti.

domingo, 10 de fevereiro de 2019

O Autismo atrás da porta


Um texto interessante retratando o pensamento de uma mãe de uma criança autista. Este texto foi escrito por Maria Rosa Fardoski no grupo do Facebook “Mães de crianças com autismo. Gentilmente, Maria Rosa permitiu a reprodução do texto neste blog.


O AUTISMO ATRÁS DA PORTA
-Boa tarde, Márcia! Oi João Pedro, vamos lá? Hoje a tia vai fazer uma brincadeira super legal!”
A porta é fechada. A sessão do Pedro com a T.O. começa.
Márcia é a mãe do autista na recepção da clínica, Pedro é a criança autista dentro da sala.
Dentro do consultório a terapeuta trabalha com o Pedro. Os jogos, os desafios, muita coisa a aprender. Esse é o autismo lá dentro.
Do outro lado da porta a Márcia abre a revista Caras e passa as páginas sem ler um parágrafo sequer. Seu pensamento está dentro da sala. Seu pensamento está no futuro incerto do Pedro. Esse é o autismo do outro lado da porta. Esse é o autismo sem atendimento.
Quantas vezes ali do outro lado da porta a Márcia chorou? Quantas vezes ela pensou: como vou pagar a terapia deste mês? Será que meus outros filhos já fizeram o dever de casa hoje? Será que o Pedro algum dia fará um dever de casa? Será que o Pedro vai dormir hoje à noite? Se ele dormisse… seria bom ter esse tempo com meu marido.
Mas o dia seguinte vem e as forças da Márcia se renovam no sorriso do Pedro. Essa é a sua terapia…vê-lo sorrir!
Márcia precisa ser forte, ela sabe. A sociedade não perdoa as birras do Pedro. O marido não perdoa a bagunça da casa. A vizinha de baixo não perdoa o barulho das passadas firmes do Pedro no meio da madrugada. A sogra não perdoa porque os “genes defeituosos” não vieram da família dela. A amiga de infância da Márcia não perdoa porque a Márcia precisa sempre desligar o telefone quando a conversa está ficando boa. MÁRCIA, A IMPERDOÁVEL!
Tem Márcia que chora, tem Márcia que ri pra não chorar.
Tem Márcia que ama o Pedro, tem Márcia que ama a Gabriela, tem Márcia que ama o Lucas, tem Márcia que ama a Stella.
Tem Márcia pra tudo. Tem Márcia pra dieta, tem Márcia pra Sonrise. Tem Márcia no workshop da ABA, tem Márcia no protesto da Esplanada.
Tem Márcia que tem um Pedro, mas não foi ela quem o pariu. Tem Márcia que ninguém sabe, ninguém viu!
Tem Márcia com o filho encarcerado, tem Márcia com o filho incluído. Tem Márcia que o filho está num ambiente escolar fingido. Finge que aceita, finge que inclui, finge que aplica. E a Márcia não suporta mais fingir que acredita.
Tem Pedro de tudo quanto é jeito, Pedro grave, Pedro leve. Pedro que dança, Pedro que representa. Tem Pedro que poderia aprender, mas ele não senta.
Márcia que largou a carreira profissional. Márcia que trabalha com a cabeça lá no Pedro!
Tem mil realidades da Márcia. Tem mil realidades do Pedro.
Márcia é você, Márcia sou eu.
Que precisa da manicure e da massagem que te cure. Que precisa desabafar e se cuidar. Márcias que precisam de condições pra trabalhar.
Márcia é missão que não acaba. Márcia trava a batalha diária e a vence todos os dias, pois todo dia é dia de vencer. Pedro é a criança diferente. Pedro é muito além da gente. Pedro é muita areia pro caminhãozinho dessa sociedade. Pedro é arretado, Pedro é barbaridade!
Pedro não precisa de pena. Pedro precisa da ciência a seu favor. Pedro não precisa ser contido e sim que encontrem a origem de sua dor.
Levanta a cabeça Márcia, mesmo que ninguém venha a te cuidar. Acorda Márcia… acorda que a irmandade é azul e tem quem queira te abraçar.
O autismo do lado de cá da porta é bem difícil de levar. Mas você não pode parar, na fé, na força e no sorriso do teu Pedro…
Sorria Márcia, sorria!
(Essa é uma história “fictícia”, qualquer semelhança entre nomes e fatos terá sido mera coincidência!)