Para a criança, o espaço é o que sente, o que vê, o que faz nele.
Portanto, o espaço é sombra e escuridão; é grande, enorme ou, pelo contrário
Pequeno; é poder correr ou ter que ficar quieto, é esse lugar onde
Pode ir, olhar, ler, pensar.
O espaço é em cima, embaixo, é tocar ou não chegar a tocar; é barulho
Forte, forte demais ou, pelo contrário, silêncio, são tantas cores, todas
Juntas ao mesmo tempo ou uma única cor grande ou nenhuma cor....
O espaço,então,começa quando abrimos os olhos pela manhã em
Cada despertar do sono; desde quando, com a luz, retornamos ao espaço.
(Fornero, apud Zabalza, 1998, p.231)
Planejar atividades, fazer uma boa organização do trabalho na creche oferece, segurança às crianças, possibilitando-as desde pequenas, compreenderem a forma como as situações sociais que vivem são geralmente organizadas. Com isso elas têm mais autonomia, pois percebem regularidades e mudanças, rotinas e novidades e podem então orientar seus próprios comportamentos. Entretanto, devemos considerar a riqueza da dinâmica social típica do ser humano, sempre em movimento, sempre repensando significações. Daí que, planejar atividades não se refere propriamente à previsão de uma seqüência de atos que serão obrigatoriamente cumpridos, cabendo ao educador controlar para que as crianças participem obedientemente da mesma. Tal ideia contraria a visão de criança ativa, motivada, capaz de decidir, que busca agir com o outro, a interagir com ele.Uma proposta para creche envolveria a organização de variadas atividades, com diferentes materiais e em espaços físicos determinados para grupos de crianças. Nestas atividades o educador cuidaria de interagir com as crianças e de favorecer a interação entre elas e delas com objetos,espaços, situações enfim disponíveis. No ambiente organizado, busca-se o equilíbrio entre aquilo que é novo para a criança, ocasiões para ela explorar e descobrir, e aquilo que é familiar, momentos em que retoma ações, brincadeiras.Como organizar o espaço?Pesquisas têm demonstrado que áreas semi-abertas, criadas por divisórias de pouca altura,permitem as crianças se certificarem, pelo olhar, que o educador está por perto e possibilitam que um número reduzido de parceiros se reúna em torno de uma zona estruturadora de atividades. Tais zonas podem ser um escorregador, uma casinha de bonecas, um canto para guardar carrinhos maiores como em garagem, cabides com várias roupas, bolsas, chapéus, guarda-chuvas dependurados, etc.A organização do espaço físico, portanto pode ser uma boa solução, desde que não haja um número excessivo de crianças ocupando o espaço. Zonas estruturadas ao redor de certos temas como: casinha, cabeleireira, vendinha, posto de gasolina, canto de leitura etc., dão oportunidade para que as crianças se associem em pequenos grupos e desenvolvam atividades em grande parte sugeridas pelos “cenários” destas zonas de atividades. Peças simples podem servir para estruturar cantinhos com cenários e enredos mais definidos (por exemplo, grandes caixas onde as crianças podem fazer de conta que se escondem na floresta, ou que andam de trem etc.).
As áreas de atividades permitem que cada criança interaja com um pequeno número de companheiros, o que é uma situação confortável, especialmente para os menores de três anos que parecem “se perder” diante do grande número de propostas de ação que costumam surgir no grupo total de crianças de sua turma. O pequeno grupo possibilita melhor coordenação das ações das crianças, o que leva a criação de um enredo único de brincadeira, aumentando a troca e aperfeiçoando a linguagem. Desta forma não há necessidade de o educador atrair a atenção de todas as crianças, ao mesmo tempo, para si. Com isso as crianças esperam menos para serem atendidas, ou melhor, aproveitam este tempo em outras atividades interessantes.Na hora de planejar o espaço, deve-se ter como apoio os princípios da Educação Infantil, que são cuidar e educar de forma indissociável; complementaridade das ações com as da família;criança como sujeito de direitos e que expressa por múltiplas linguagens e diversidade.Apresentaremos alguns exemplos da creche que hoje existe. Com algumas idéias simples,acreditamos poder mudar algumas questões importantes no cotidiano das instituições.Nas salas onde as crianças fazem as atividades poderemos colocar espelhos com prateleiras, com diversos objetos como: boné, fantasias, chapéus, pinturas...Nos trocadores, colocar bichinhos nas paredes, móbiles baixos, permitindo que as crianças brinquem com eles, mas variando para que não fiquem sempre os mesmos;O cantinho dos berços pode oferecer momentos de privacidade, com almofadas, fazendo-se um ambiente aconchegante para se contar histórias e cantar músicas. Não é necessário que todas as crianças estejam presentes, pois nem todos dormem ao mesmo tempo;Podem-se fazer escadas com degraus baixos, e colocar ao redor dos berços colchões para que as crianças não se machuquem se caírem;Tocas e cortinas fazem um papel importante na delimitação do espaço;Quanto mais colocarmos objetos estimulantes no ambiente, mais possibilitará a intencionalidade educativa.Na entrada da creche ou sala pode-se colocar um túnel com ou sem janelas, feitas com caixas de geladeira. A criança entrará dentro dele e descobrirá muitas coisas legais, e os pais podem e devem participar junto com as crianças;O parque pode proporcionar à criança um ambiente estimulante se for também planejado, eis algumas dicas: Podemos criar uma estrutura que aproveite os cantos do parque, com bancadas, pias com torneiras, pneus para as crianças se sentarem. Assim pode-se utilizar o espaço fazendo oficina de argila, desenhos, pinturas, brincadeiras de massinha, etc;Um toco de madeira pintado poderá servir de barquinho; caixas de madeira podem ser penduradas nos muros (servem de bercinho, fogãozinho).Fazer um cantinho para a estória do livro com banquinhos para elas se sentarem, e um espaço para colocar livros enquanto estiverem brincando no parque;Nos muros podem ser feitos desenhos pelas próprias crianças para ficar bem mais alegre o parque;Deve ter caixa de areia fina, areia de praia, barro, gravetos.Os educadores podem sair com as crianças para conhecer o espaço fora da creche ou podem trazer pessoas de fora para vir interagir com as crianças na creche, ampliando o conhecimento destas acerca do mundo. Um homem da comunidade que trabalha em marcenaria pode ser chamado para construir alguns brinquedos de madeira com as crianças, ou seu José,bombeiro aposentado morador da vizinhança, pode ser convidado a contar às crianças histórias de quando ele trabalhava.
A proposta pedagógica de uma instituição de educação infantil deve estar fundamentada numa concepção de criança como cidadã, como pessoa em processo de desenvolvimento, como sujeito ativo da construção do seu conhecimento, como sujeito social e histórico marcado pelo meio em que se desenvolve e que também o marca.Para viabilizar a concretização da proposta é preciso que os espaços sejam projetados de acordo com a mesma a fim de oferecer o desenvolvimento das crianças de zero a seis anos,respeitadas as suas necessidades e capacidades. Portanto o imóvel deve apresentar condições adequadas de localização, acesso, segurança, salubridade, saneamento e higiene em total conformidade com a legislação.A organização do espaço deve possibilitar as crianças da educação infantil:
* Brincadeira
* Atenção individual
* Um ambiente aconchegante, seguro e estimulante
* Contato com a natureza
* Higiene e saúde
* Alimentação sadia
* Desenvolver sua curiosidade, imaginação e capacidade de expressão
* Movimentos em espaços amplos
* Proteção, afeto e amizade
* Expressar seus sentimentos
* Uma atenção especial durante seu período de adaptação
Desenvolver sua identidade cultural, racial e religiosa.Concluindo, queremos lembrar que nada adianta o espaço mudar se a atitude do educador não mudar também, e que é de fundamental importância o educador planejar pensando na criança e não só o que é mais cômodo para si.
* leia o texto completo em: http://pt.scribd.com/doc/55531307/O-TEMPO-E-OS-ESPACOS-NA-ROTINA-apostila
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